terça-feira, 16 de outubro de 2007

Hoje, no "Correio de Setúbal"

Diário da Auto-Estima – 68
Este “Diário” – Em 15 de Outubro de 2004, há 3 anitos portanto, iniciei este “Diário da Auto-Estima” no Correio de Setúbal, na sequência de uma colaboração que lhe venho prestando desde o seu início. Nessa primeira edição, trouxe para temas as histórias do desaparecimento de Joana (lembram-se?), do ministro Sarmento a pedir desculpa às famílias portuguesas pelo atraso na abertura do ano lectivo (recordam-se?), da morte na corrida clandestina de “street racers” em Palmela (lembram-se?), da pergunta lançada ao público pela TVI sobre se os professores deveriam fazer ponte na segunda-feira que antecedia o feriado (recordam-se?) e sobre o fim da colaboração de Marcelo Rebelo de Sousa com a TVI (lembram-se?). Hoje, quando passam os tais 3 anitos e 252 parágrafos de notas, não me apetece fazer balanço, apenas recordar e assinalar. E registar citações de outros, que são também sobre nós.
Portugal – “Raro se presta aos Portugueses a lacónica justiça pelo bem que fizeram, mas nunca se perde o ensejo de os denegrir pelo mal que eles, à semelhança de outros – e às vezes só outros – praticaram. Porque são fracos ou mal conhecidos? Porque não têm quem os defenda? Talvez porque não sabem cuidar dos seus interesses mais profundos, e esquecem que a cultura é a forma suprema da perpetuação? Não sei.” (José Rodrigues Miguéis, É proibido apontar, 1964)
Portugueses I – “Nós, portugueses, temos apenas o fado, que se canta sempre na mesma corda, e o mar, que nos embala sempre nas mesmas ondas. Somos um povo de sentimentais, de impenitentes amorosos. Isto vem-nos do sol ardente, do luar intenso, da maresia. A vizinhança do Oceano introduziu-nos na classe dos anfíbios; e, então, engorgitados de líquido salgado, somos como o crocodilo: desassimilamos pela lágrima. (…) Em Portugal não se pensa; ama-se.” (Rocha Júnior, Revista Portuguesa, 1923)
Portugueses II – “O povo português não tem um sentido trágico da vida. Arremeda apenas o melhor que pode esse sentimento.” (Miguel Torga, Traço de união, 1955)
Cidades – “Nas pequenas terras de província toda a gente se conhece. A aldeia é familiar, vive-se em sociedade. Não se passa por ninguém que não se diga ‘bom dia!’ ou ‘Deus o salve!’ Mas, nas cidades, cada um vive como se estivesse sozinho, porque anda no meio da multidão. A distância da natureza também nos enfraquece. (…) Na cidade as ruas são de cimento, nem se vê a terra, e as casas são muito altas, emparedam-nos do sol.” (Branquinho da Fonseca, Caminhos magnéticos, 1938).

3 comentários:

Teresa Lobato disse...

...
De qualquer das maneiras será sempre motivo para um abraço de parabéns e os votos para que o diário continue.
Presisamos tanto de elevar a nossa auto-estima...

Teresa Lopes

Maria do Céu Couto disse...

Parabéns pelos 3 anitos e 252 parágrafos de prosa!
Uma prosa que às vezes é muito reconfortante para a nossa auto-estima (outras vezes não, é mais «espicaçante»!...)
Um abraço.

Maria do Céu Couto

João Reis Ribeiro disse...

Teresa e Céu:
Obrigado pelos incentivos. A vocês e a outros que fizeram chegar mensagens por viva voz e por mail.
Cá estamos. Para continuarmos.