sábado, 27 de setembro de 2008

Hoje, no "Correio de Setúbal"

Diário da Auto-Estima – 86
Emigrante – Há uns anos – não muitos para que já não haja memória – os emigrantes portugueses no estrangeiro eram desejados e havia uma quase veneração, pelo menos em algumas ocasiões. Em causa estava a chegada de divisas a Portugal, bem como o facto de serem menos uns tantos a inflacionar o número do desemprego. Foi-lhes consagrado o direito de participarem nas eleições portuguesas através do voto, ainda que a participação nem sempre se tenha pautado por números elevados (mas também, entre aqueles que não são emigrantes e que por cá vão estando, a participação tem vindo a baixar de forma nada adormecida). O Partido Socialista descobriu agora que os votos por correspondência oriundos dos círculos da emigração têm andado ao sabor da “chapelada”, para usar o argumento de um dirigente. E, por isso, há que acabar com o voto por correspondência, diz o partido. Cada qual sabe do que fala e seria bom lembrar que esse vício da “chapelada” foi coisa que, durante muito tempo, os governos andaram a fazer perante os emigrantes… Afinal, o que estará em causa? O facto de o Partido Socialista não conseguir penetrar nos círculos da emigração? O facto de os emigrantes terem mais a ver com o país que os adoptou do que com aquele que os gerou? O facto de os emigrantes não gostarem de correspondência? A gente começa a pensar e vê como o “politicamente correcto” é a metáfora da falsidade em muitos dos casos e como pode ser fácil restringir direitos sob a capa de argumentos mais ou menos construídos, mas muito pouco naturais. O que se teme é esta falta de reconhecimento publicada contra os emigrantes, quase num refazer da História, ainda que tendencioso. O que se teme é que tudo isto possa ser consequência de uma sociedade que se quer fazer crer que existe, mas que, na verdade, existe apenas forjada para a política, muitas vezes distante dos cidadãos, cada vez mais distante dos cidadãos.
Português – A língua portuguesa entrou nos corredores da ONU pela voz do Presidente da República, também presidente em exercício da CPLP, com tradução simultânea para todos os presentes. Pode não ser um enorme passo para a difusão da língua portuguesa, mas é, com certeza, um bom contributo para que a nossa língua seja olhada com a importância que lhe devemos dar. Sim, que lhe devemos dar, para que os outros lha dêem, que será uma forma de também o país e os portugueses serem vistos num mais justo lugar no mundo. Iniciativas do género podem valer mais do que acordos ortográficos nascidos como o que recentemente andou em discussão e que… vai vigorando até um dia se afirmar.
Sebastião Fortuna – É da Quinta do Anjo, tem longo currículo no mundo do sonho e da corrida atrás de ideais, fundou um Centro de Artes e Ofícios ligado a profissões em vias de extinção, tem exercido ao longo da vida as mais variadas funções e ofícios, é incapaz de estar parado e vai, hoje, sábado, inaugurar a sua exposição de pintura na Igreja de S. João, em Palmela, intitulada “Sonhar é preciso”, que poderá ser vista até 5 de Outubro. A ver e a partilhar.

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