terça-feira, 16 de setembro de 2008

"Os Lusíadas" em manuscrito, em Setúbal

O 10 de Junho de 2007, celebrado em Setúbal, foi a festa que fez arrancar uma acção de mais de dois milhares de pessoas, que se disponibilizaram a passar a escrito a obra Os Lusíadas, de Luís de Camões. A primeira estrofe manuscrita aconteceu no Club Setubalense, na Avenida Luísa Todi, cerca das 15 horas de 9 de Junho, e teve como copista o Presidente da República; a segunda estância teve a mão de Manuel Alegre, que foi o autor da ideia. E, depois, a obra foi crescendo, passando por diversos sítios de Setúbal, instituições e escolas incluídas, até ser concluída no dia 15 de Setembro do mesmo ano, em sessão havida no Salão Nobre da Câmara Municipal de Setúbal, cabendo a 156ª estrofe do canto X a Maria Isabel Rapozo de Goes du Bocage, descendente do poeta sadino Bocage.
Três meses demorou a cópia da obra, que, em 10 de Junho de 2008, um ano depois de ter sido iniciada, foi entregue em Viana do Castelo (cidade em que se celebrou a data) ao Presidente da República pela Presidente da Câmara Municipal de Setúbal, enriquecida pelos originais de pintores setubalenses como separadores entre os cantos (Acácio Cainete, António Leal de Oliveira, Carlos Pereira da Silva, Graciete Lança, Laurinda Garradas, Maria José Brito, Nuno David e Pólvora D’Cruz).
Três meses depois dessa oferta, em 15 de Setembro de 2008, feriado municipal setubalense, foi apresentada publicamente a edição facsimilada de Os Lusíadas Manuscrito, levada a cabo pela Câmara Municipal de Setúbal, que teve uma tiragem reduzida e cujos exemplares estão a ser vendidos pela autarquia.
A iniciativa de manuscrever a obra épica justificou-se, segundo palavras de Maria das Dores Meira, Presidente da Câmara, por três razões: “a íntima e secular ligação de Setúbal ao rio e ao mar”, “a activa participação de inúmeros setubalenses na gesta dos Descobrimentos” e “o estreito contacto entre as histórias de vida dos dois poetas”, Camões e Bocage.
No final da transcrição, há a lista de todos os participantes, com a respectiva indicação dos versos que copiaram e há ainda uma lista de 44 participantes cujas transcrições foram substituídas por conterem anomalias na apresentação.
Uma ideia bonita para recordar a importância que o 10 de Junho de 2007 teve para Setúbal e para lembrar uma iniciativa cultural de fôlego que aqui foi levada a cabo.
Gostaria, no entanto, de dizer uma palavra quanto à listagem dos “substituídos”, porque estou incluído nela. É que, aquando da transcrição que me calhou, logo no dia inaugural da acção, vi que havia erros na transcrição, porquanto a disposição gráfica estava a ser desrespeitada, com avanço de linhas. Chamei a atenção da pessoa que estava a acompanhar a acção para o efeito, tendo-me sido dito que não havia nenhum problema e que copiasse seguindo a ordem, mesmo que ultrapassasse o limite que estava destinado à estrofe que me coubera. Estranhei, mas procedi assim. Foi essa a razão do erro, que não sei onde começou… A minha colaboração (na estrofe 21 do canto I), bem como a dos outros 43, permitiu então, que mais pessoas participassem e assim ficassem ligadas aos Lusíadas. Também não foi mau!

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