sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Pagelas Setubalenses (7)

MEDALHA DOS 125 ANOS
DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE SETÚBAL
Aos dezanove dias do mês de Outubro de 1883, achando-se reunidos os Exmos. Snrs. Artur Mena, Henrique Augusto Pereira, Joaquim José Corrêa, Álvaro José Baptista e António Avelino da Silva, e a convite do Exmo. Snr. Álvaro José Baptista, compareceram mais os Exmos. Snrs. Alfredo Portela e Manuel Maria Portela Júnior e Joaquim Caetano da Veiga. Tratou-se sobre a organização duma Associação de Bombeiros Voluntários desta cidade. Tomou nesta ocasião a palavra Joaquim José Corrêa, declarando aos mesmos senhores que da melhor vontade se prontificava a auxiliar quanto pudesse esta Associação já com o seu préstimo, já como vereador do pelouro dos incêndios para que solicitava da Exma. Câmara Municipal algum material que fosse necessário.(…)
A acta continua, relatando que Artur Mena pôs ao dispor da Associação “o seu insignificante mérito como bombeiro”, prestando-se a ser instrutor da Associação, e que Henrique Pereira emprestaria à Associação a sua máquina de incêndios.
Nascia assim a que é hoje a Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Setúbal, que, há pouco mais de um mês, festejou os seus 125 anos.
À reunião desse 19 de Outubro seguiram-se outras reuniões, efectuadas ainda em Outubro e ao longo dos meses de Novembro e Dezembro, com vista à aprovação de estatutos, à constituição dos corpos gerentes e à criação de uma charanga.
O ano de 1884 teve em Setúbal oito incêndios em que colaboraram os bombeiros. O primeiro deles, que começou “numa porção de palha”, ocorreu em 27 de Janeiro, pelas 11 da noite, numa loja situada na Rua Francisco Pereira, em S. Sebastião.
Uma década depois, na noite de 14 de Janeiro de 1894, no Teatro Bocage, em Setúbal, havia um espectáculo para angariação de fundos para a então Real Associação dos Bombeiros Voluntários de Setúbal, ocasião em que foi recitado um poema de Manuel Maria Portela (que também fora bombeiro), com 14 quadras, intitulado “O bombeiro”, cuja conclusão enaltecia os voluntários: “Bem hajas!... Que heróico, que nobre desvelo / te incita ao combate! Que santa missão! / É teu o triunfo mais justo, mais belo! / Não matas, socorres o que é teu irmão.” Cinco anos depois, em 1899, a população sadina, reconhecida, oferecia à associação a sua primeira bandeira, em seda branca. Ainda no séc. XIX, o rei D. Carlos presenteava os bombeiros setubalenses com uma escada alemã “Magirus”, que está exposta na entrada principal do quartel da Associação.
Ao passar o 125º aniversário da Associação, foi cunhada medalha evocativa da data, idealizada por Manuela Tomé. Ao apresentar a medalha, o Presidente da Direcção registou: «O bronze foi o material escolhido para representar os nossos valores culturais e naturais, ou as nossas gentes, a Arrábida e o Sado, que ao longo dos anos os nossos bombeiros apetrechados dos meios técnicos, de que é um belo exemplo a escada ‘Magirus’ do séc. XIX, se têm empenhado em salvaguardar, mantendo vivo o que de melhor nos identifica e nos une em razão da ‘vida por vida’».

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