sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

Sobre a votação no Parlamento da avaliação dos professores

1. Segundo noticia o Público de hoje, há uma frase do socialista António José Seguro, a propósito da situação vivida na área da educação, entre os professores e o Ministério, que tem constado no e-mail de resposta aos docentes que lhe escreveram: "Tudo tenho feito, na maioria das vezes em privado, para ajudar a resolver este impasse". No entanto, logo a seguir, o jornal reproduz a garantia do seu voto no que respeita à discussão do projecto que o CDS apresentou: "Votarei como sempre de acordo com a minha responsabilidade política." Estávamos conversados: a “responsabilidade” partidária – diferente da responsabilidade “política” – falava mais alto.
2. A votação aconteceu, pois. O projecto apresentado pelos centristas quanto à avaliação do desempenho docente foi derrotado por três votos. Interessantes foram as declarações que antecederam a votação feitas por Alberto Martins, considerando que, no caso de o diploma centrista passar, tinham que ser tiradas conclusões políticas! Dramatizar dá jeito, por vezes. Transformar esta questão num terramoto é tão descabido como não lhe dar importância nenhuma. A emotividade funcionou. A razão nem tanto. Mas a propaganda é assim…
3. Durante o debate parlamentar, o ministro Santos Silva classificou a reprovação do projecto centrista como "a vitória dos deputados livres que não se deixam chantagear, daqueles que não estão na câmara corporativa a defender interesses profissionais" e que "estão na Assembleia da República a defender os interesses dos portugueses", diz a edição online do Público. Que riqueza de argumentos ministeriais! Que confusão! A lógica será: “deputados livres” = deputados que não defendem interesses profissionais = deputados que defendem os interesses dos portugueses = deputados socialistas! Alguma vez a visão parlamentar democrática foi tão maniqueísta?
4. Certo é que esta questão ficará para a história. Tão mau é o projecto ter sido reprovado por três votos como seria a sua aprovação pelos mesmos três votos! A fronteira entre o que é necessário ou o que não é resolve-se num país e numa democracia por três votos, que, na verdade, nada acrescentam ao essencial – a fractura e a divisão, as duas sensibilidades em partes iguais! Provavelmente, esta é a questão: não é a discussão sensata dos problemas que alicia; o que entusiasma é este tipo de resultado, semelhante a um jogo (mesmo que seja político), tanto mais emocionante quanto os pontos sejam marcados taco a taco… E os interesses nacionais são resolvidos desta maneira! Nestes termos, fácil é que Santos Silva diga o que diz. Mas, como dizia o outro… lá porque é não quer dizer que deva ser!
5. A única conclusão possível: não era preciso ter-se chegado aqui, sobretudo para se saber o que se ficou a saber!

1 comentário:

Anónimo disse...

Ficará para a História, tenho a certeza!
... e na memória? Espero que também fique pelo menos até às eleições.
O voto não deve ser partidário, deve ser político! E político no seu melhor sentido!
Não votarei num partido pelo seu nome mas sim pela sua política (não confundir com promessas !!!)
MCT