quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Saúde na escola?

Helena Matos, no artigo "Lista de assuntos a discutir com paixão" saído no Público de hoje, sugere quatro temas para discussão, habituados que andamos a acaloradas discussões, apesar do frio, sobre assuntos da maior importância, correndo mesmo o risco de cairmos no rol dos "obscuros" se nesta discussão não participarmos... Humor, eu sei, que brinca com esta herança dualista de termos que ser uma coisa ou outra, isto é... progressistas ou reaccionários! Onde e há quanto tempo a gente já ouviu isto?
Que podemos então discutir, discutir, discutir? Segundo Helena Matos, o casamento entre pessoas do mesmo sexo, os direitos dos animais, a educação sexual nas escolas e a eutanásia. Tudo, tudinho, temas de suma importância para uma visão pessoal da vida, já sabemos.
Vou deixar três deles para essa discussão a vir ou que já vai andando por aí. Vou chamar para aqui, transcrevendo, aquilo que Helena Matos diz sobre a educação sexual nas escolas, uma coisa que deveria passar por cuidados mais evidentes na área da saúde, por exemplo, na educação para a saúde, com técnicos nas escolas para resposta. Recordo-me de, numa das escolas em que estudei e onde fiz o meu ensino secundário, haver o gabinete médico e de, de vez em quando, haver lá um técnico, provavelmente médico (não lembro bem), para responder ou aconselhar; recordo-me também de uma escola inaugurada há poucos anos, construída de raiz segundo um projecto que contemplava um gabinete médico, cujo Presidente da Comissão Instaladora da altura se teve que impor por ter recebido indicações no sentido de ocupar aquele gabinete para um outro fim, algo parecido com espaço de arrumações... A questão é que a saúde na escola - chamem-lhe educação para a saúde ou saúde escolar ou outra coisa qualquer - não tem sido muito contemplada, apesar de todos os problemas que esta civilização, por que também somos responsáveis, tem criado à saúde.
Vem isto a propósito do comentário de Helena Matos sobre educação sexual nas escolas, que faz todo o sentido e que, por essa razão, aqui reproduzo.
«(...) Os professores efectivos reformam-se em catadupa; começam-se reformas curriculares como a da Língua Portuguesa que ninguém sabe em quê e onde pára; a violência banalizou-se e chama-se agora a polícia para impor a crianças aquele mínimo de ordem que os professores e funcionários já não conseguem, não podem e também desistiram de tentar que exista nos estabelecimentos escolares; as alterações ao estatuto dos professores levaram a uma situação de bloqueio... mas nós, portugueses, se esta lista-propaganda funcionar, vamos discutir nos próximos meses, graças aos bons ofícios da JS, algo de tão importante e crucial quanto a educação sexual nas escolas. E como o que tem de ser tem muita força e a propaganda ainda mais força tem, será importante começarmos por perceber o que se entende por educação sexual nas escolas. Até agora tem vigorado nesta área uma perspectiva muito "Ciências da Natureza/funcionamento do corpo humano" que não satisfaz a JS e sobretudo aqueles que, através desta temática, pretendem fazer proselitismo ideológico nas escolas, tanto mais que se prevê que estes conteúdos passem a ser ministrados por membros de organizações não-governamentais que certamente da Opus Dei à Maçonaria se farão representar. Como é óbvio, não cabe no espírito libertador da JS que os cidadãos tenham outras opiniões sobre aquilo que realmente precisam na escola. Por exemplo, que achem que a Educação Sexual é um dos vários assuntos que os alunos poderiam ver abordados de forma muito mais eficaz por técnicos nos infelizmente desactivados gabinetes médicos das escolas. A população adolescente, que já não vai ao pediatra e ainda não vai ao médico de família, acaba por ter pouco acompanhamento clínico. Seria excelente integrar na rotina das escolas gabinetes com técnicos de saúde - e não activistas de ONG regra geral tão activos quanto incultos - onde os alunos, além de informações sobre planeamento familiar, doenças sexualmente transmissíveis e outras questões da sexualidade, pudessem também ser acompanhados de modo a detectarem-se distúrbios alimentares, problemas de crescimento, má audição ou os casos de abusos e maus tratos. Claro que nada disto em termos de propaganda rende o material telegénico de um Dia da Educação Sexual por período, como propõe a JS, mas como são os contribuintes que vão pagar tanto activismo, terá a JS de aceitar que alguns de nós tenhamos dificuldades em passar cheques em branco. (...)»

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