segunda-feira, 13 de setembro de 2010

Sobre as maravilhas naturais

Vista do Portinho da Arrábida (em 2004)

As “Sete Maravilhas Naturais de Portugal” foram conhecidas na noite de ontem: Lagoa das Sete Cidades (Zonas aquáticas não marinhas), Portinho da Arrábida (Praias e falésias), Floresta Laurissilva da Madeira (Florestas e matas), Paisagem Vulcânica da Ilha do Pico (Grandes relevos), grutas de Mira de Aire (Grutas e cavernas), ria Formosa (Zonas marinhas) e o Parque Nacional da Peneda-Gerês (Zonas protegidas).
Aqui pela nossa zona ficou o Portinho da Arrábida, praia absolutamente bela, que não valerá a pena descrever, sob pena de tudo o que se diga saber a pouco. Obviamente, fico contente, porque acredito na beleza do Portinho da Arrábida desde que o visitei pela primeira vez, há cerca de quatro décadas.
Pelo caminho ficou a Arrábida, que era também uma das candidatas, o que não admira sendo a Arrábida um conjunto de paradoxos onde se misturam a beleza natural – fascinante, reconheça-se – e o aproveitamento industrial – triste, mas bem mais antigo do que a criação do Parque Natural, reconheça-se também.
A propósito da Arrábida, quando, na semana passada, o Expresso publicou uma reportagem fotográfica intitulada “Arrábida esventrada”, repleta de cenários dantescos e destruidores da paisagem da serra, achei-a tão demagógica quanto seria apenas artística uma reportagem de sinal contrário, apresentando apenas as belezas arrabidinas.
Não sei se é possível haver conciliação da Natureza com a utilização que o homem dela faz. Acredito que sim. E, no caso da Arrábida, essa será uma opção a seguir, a ser pe(n)sada. A Arrábida não foi uma das “Sete Maravilhas” em termos de concurso, é verdade; mas bem sabemos que a Arrábida é uma das maravilhas, com ou sem concurso. Não foi por acaso que Teixeira de Pascoais disse a Sebastião da Gama, num encontro havido em 1951, algo como (cito de cor): “A Arrábida é o altar do mundo; eu pu-lo no Marão porque sou daqui.” E já nessa altura havia indústria à conta da serra… noutras doses, é certo, mas havia.
Queiramos ou não, as maravilhas naturais não são o resultado de um concurso, mas a consequência da beleza que sentimos num determinado espaço, num dado momento, algo próximo do paraíso, afinal.

Portinho da Arrábida, visto por Hélène Beauvoir (in Panorama, 1941)

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