domingo, 10 de outubro de 2010

Fernando Rosas sai do Parlamento e deixa lições (para proveito e exemplo)

No Público de hoje, há uma entrevista de Fernando Rosas, eleito pelo distrito de Setúbal pelo Bloco de Esquerda, a propósito da sua saída de deputado. Vale a pena atenção sobre alguns pontos...
História e Política – “(…) Sempre estive na política como um historiador que também faz política e não como um político que de vez em quando faz História. Devemos saber quando saímos. (…) Como historiador não faço política; e como político a História é-me indiscutivelmente de grande utilidade. Os políticos ganhariam muito em conhecer a História. (…) A cultura média dos parlamentares é fraca no que diz respeito à História. Existe o conhecimento da banalidade e o do lugar-comum, pouco aprofundado. Mas há situações muito diferentes e temos um presidente do Parlamento que é um grande conhecedor da História portuguesa. (…)
Renovar o Parlamento – “(…) Sempre defendi a circulação de deputados. Mas agora isso está dificultado, com a lei aprovada em 2009 e que estipula que as rescisões só aconteçam em circunstâncias extremas. Isso tem um lado perverso, que é transformar isto numa espécie de clube de bonzos: políticos profissionalizados na vida parlamentar. Dar aos partidos a possibilidade de renovar o quadro parlamentar é da maior importância. (…) O Parlamento é uma escola fundamental. Mas em contraponto pode ser um clube endogâmico e centrípeto, que puxa mais para dentro do que para fora. Todos os Parlamentos são um pouco assim: uma forma de desligar os representantes dos representados e de os aproximar do Estado. No fundo, uma forma de criar um consenso artificial quando, por vezes, os verdadeiros consensos só se atingem pelo dissenso. (...)"
Deputados e Realidade – “(…) Em Portugal, a vida civil é muito fraca e praticamente só há política no Parlamento. Estar na AR é uma questão vital para um partido. Mas o Parlamento é um clube endogâmico e centrípeto. Os partidos têm de ter um grande cuidado com isso. Os deputados, quando fazem política, têm de ter o contrapeso da realidade, não perdendo o pé com ela. Estar próximo dos eleitores, nos movimentos sociais, participar na actividade cultural do país, é muito importante. Porque o país real não está aqui, está lá fora.”

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