quinta-feira, 30 de junho de 2011

Joaquim Azevedo e algumas ideias sobre a escola

A propósito da mais recente obra de Joaquim Azevedo (docente universitário que já teve responsabilidades políticas no Ministério da Educação), o JL – Educação de ontem publicou entrevista conduzida por Francisca Cunha Rêgo. Assunto-chave: a educação é responsabilidade de todos. Dessa entrevista, alguns sublinhados:
Tarefa da Escola - «(…) Em vez de colocarmos na escola todas as tarefas educativas da sociedade, devemos deixá-la apenas com a da educação escolar, criando condições para que desenvolva bem essa missão. Não devemos dar-lhe mais tarefas de carácter social e ocupacional, desfocando-a do seu papel essencial e atribuindo-lhe tarefas que não tem capacidade de cumprir. (…) A escola não pode estar assoberbada com 30 mil actividades a desenvolver. Corre-se o risco de que a educação escolar, estrito senso, acabe por ser uma tarefa menor entre muitas outras. A educação escolar existe, antes de mais, para transmitir a herança cultural do passado às novas gerações e, por essa via, inseri-las socialmente. (…) Grande parte das escolas públicas está a virar-se para uma educação da ocupação dos tempos livres, do tempo social das crianças e dos jovens. Estamos a criar todas as condições para que a escola privada seja o local por excelência da educação escolar. E ‘damos de barato’ que a escola pública não tenha esse foco. (…)»
Avaliação dos Professores - «(…) É inevitável. Deve seguir-se um modelo relativamente simples, semelhante ao de outros quadros superiores da administração pública, que permita apreciar desempenhos e desenvolver a progressão das carreiras. (…) Criou-se um modelo desnecessariamente diferente complicando-se um processo que, a meu ver, não tem complexidade nenhuma. (…)»
Ensinar - «(…) Os professores são quem verdadeiramente tem que ensinar os alunos. Nessa perspectiva, os professores são o centro, o ponto fundamental. Não legislamos sobre quantos bisturis são necessários numa operação. Aos professores quer-se definir tudo. Não deixa de ser caricato, pois é nas escolas que se concentra o maior número de quadros superiores de qualquer organização da sociedade portuguesa. Assim sendo, é preciso deixar os professores trabalharem, responsabilizarem-se, envolverem-se e comprometerem-se com a melhoria do ensino e da aprendizagem. Depois pode-se pedir contas. Mas sem intromissões no seu processo de trabalho todos os dias, todos os anos, a cada cinco anos. Creio que é essa intromissão contínua que traz um desgaste brutal às escolas. Costumo dizer que há mudanças a mais e melhorias a menos no respeitante aos resultados. (…)»

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